Bordado é basicamente a arte de decorar com figuras, utilizando fio e agulha. O bordado pode ser executado manualmente ou a máquina, a máquina pode ser a tradicional, operada com as mãos e com os pés ou com máquina mais moderna que é computadorizada comandada por um software. Os materiais para bordar e completar o ornamento podem variar e sofisticar, alguns exemplos de materiais são lantejoulas, pedras preciosas e semi-preciosas, que com a criatividade do bordador valorizam a estética da peça decorada.
A História mostra, que o bordado originou-se na pré-história, o primeiro ponto utilizado foi o ponto cruz, os nossos ancestrais, que moravam em cavernas, começaram a utilizar a técnica do ponto cruz, com agulhas feitas de ossos e o fio feito de fibras de vegetais ou tripas de animais, eles costuravam as suas vestes, que eram feitas da pele dos animais caçados para alimentação. Estima-se que já naquele tempo as roupas começaram a ser adornadas com bordados, juntamente com artigos de suas casas.
O bordado com aplicação, data de tempos remotos, foi encontrado na Russia em um fóssil que tinha suas vestes adornadas com aplicação em grânulos de marfim, com estimativa de data de 30mil anos a.C..
Na Bíblia muitas vezes são feitos referências ao bordado. As civilizações antigas que abitaram as margens do rio Eufrates, difudiram muito o bordado. Se prestarmos atenção nos monumentos da Grécia antiga, 2.000 AC à 300 AC veremos que as túnicas das esculturas eram forradas de bordados. No episódio da Guerra de Tróia, entre 1300 AC a 1200 AC, em plena idade dos metáis, fim da Idade do Bronze e início da Idade do Ferro, Homero fala dos bordados de Helena e Andrômaca. O Bordado é referência na música de Chico Buarque de Holanda e Augusto Boal, em referência a esta época da história, Mulheres de Atenas, (Atenas capital da Grécia) no trecho:
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Os Romanos após a formação do Império, 40 AC a 400, utilizaram-se desta arte para adornar suas vestes e utensílios.
Podemos encontrar belos bordados confeccionados pelas civilizações antigas no Antigo Egito, China, Pérsia, Índia e Inglaterra.
Cada País tem seu estilo de bordar, fruto da sua cultura e do seus valores, reproduzindo a sua tradição, identificando a sua história.
O bordado foi considerado símbolo de riqueza e poder, não menos hoje, quando damos valor a um bordado de grife em uma peça de vestuário.
O oriente médio aperfeiçoou e criou técnicas na arte de bordar, que até hoje são utilizadas nos bordados manuais.
No oriente os imperadores nipônicos do século VII vestiam roupas de seda bordadas com imagens do Sol, da Lua, das estrelas, montanhas e de dragões – design muito semelhante ao do traje dos imperadores chineses.
A partir do século VII, o bordado tornou-se prática comum também no Ocidente. Nos séculos a seguir as abádias e mosteiros começaram a insentivar o bordado e sederam seus espaços para a prática da arte. As damas da corte e as próprias rainhas começaram a dedicar-se ao bordado.
Muitas cenas da história foram retratadas em tecidos bordados, temos um exemplo significativo é o "Bayeux Tapestry" , bordado com 231 metros de comprimento que mostra a Batalha de Hastings em 1066.
Veja a obra de Bayeux com animação, clique abaixo
Começa nesse século o bordado de motivos militares e os que identificam países, regiões, impérios, etc; escudos, brasões, pendões, armas em diversas cores. Até hoje podemos ver esta prática em fardas, flâmulas, bandeiras, símbolos, etc.
Na Idade Média, período entre fins do século XII e fins do século XV, existem muitas referências sobre bordados. A Itália teve grande colaboração para difundir o bordado por toda Europa. Com a criatividade o bordado começou a tomar novas formas sendo recortado e rendado, dando origem as rendas. Na Renascença, período do “renascimento” de todas formas de expressão, movimento iniciado na Itália no Século XIV que alcaçou seu auge no Século XVI, influenciando toda Europa o bordado assumiu a condição definitiva de artesanato decorativo. Passou mais ainda a decorar interiores, tapeçarias, estofados, cortinas, etc.
Já vivenciando a Idade Moderna século XVI, encontramos os Bordados em Blackwork, feito por Catarina de Aragão, esposa de Henrique VIII, em 1509, nesta época o bordado era ensinado e restrito às mulheres da corte.
Mais tarde o bordado espalhou-se pela Europa Ásia e Estados Unidos, e se tornou uma arte popular, eram bordados letras do alfabeto, casas, borboletas, flores e diversos outros motivos que eram assinadas pelo bordador. Na Inglaterra foram encontrados trabalhos do ano de 1598.
Nesta época também começaram a ser bordados cenas de pinturas, de temas religiosos, históricos etc.
Então as bordadeiras durante séculos, com agulhas e tecidos copiavam figuras, desenhos de artistas ornamentando toda espécie de vestuário, cama, mesa, banho e toda sorte de peças utilizadas na vida cotidiana de reis e rainhas e do povo em geral. No início do século XVII, surgiram publicações de livros com motivos para bordar animais, árvores, pássaros e flores.
As mulheres do século XVIII valorizavam muito saber bordar, as revistas femininas da época forneciam novas fontes de desenhos para bordar. O bordado começou a dar charme as roupas íntimas.
Em museus da Europa encontra-se, tecidos bordados que chamados de Sampler que significa Panos de Amostra eram bordados com figuras e letras.
Nesses panos eram bordados versículos Bíblicos e poemas, as bordadeiras utilizavam a arte de bordar letra, um pouco, por a leitura e a escrita ser restrita aos homens.
No século XIX, um sampler de Elizabeth Jacobs de Long-Stones uma bordadeira em ponto cruz do ano de 1882.
Nesta época, desde o século XVIII, o homem tentou mecanizar a costura e por conseguinte o bordado, em 1755 o alemão Charles Weisenthal, tentou patentear uma agulha para uma máquina de costura, mas não funcional. Em 1804 John Scott Duncan inventou uma máquina de bordar, mas não obteve êxito em sua funcionalidade, outros tentaram até que em 1814 o alfaiate austríaco Josef Madersperger conseguiu inventar e testar uma máquina para costurar e a patenteou.
O alfaiate francês Barthélemy Thimonnier observando a forma de trabalhar das costureiras de Lyon, que eram rápidas ao costurar utilizando o ponto de cadeia, inventou a máquina abaixo, que foi chamada de Coseuse (cosedeira), fabricada em 1829. A inovação dava 200 pontos por minuto, enquanto manualmente se fazia 30. Este equipamento não foi muito bem aceito por alguns trabalhadores da época, pelo medo do desemprego, destruíram 80 máquinas e o obrigaram o inventor a abandonar Paris.
Em 1834, o alemão Josué Heilmann criou uma máquina de bordar, esta invenção recebeu Medalha de Ouro e o inventor foi condecorado com a Legião de Honra.
Josué Heilmann
A primeira máquina de costura a ser comercializada em quantidade foi em 1846 inventada por Elias Howe e aperfeiçoada por John Bradshaw.
Em 1850, Isaac Merrit Singer estudando todos os princípios existentes criados pelos inventores, conseguiu uma máquina mais fácil de usar, aperfeiçoou a movimentação da agulha, de cima para baixo e mais a frente adaptou o pedal excluindo a manivela.
Em 1870 os primeiros teares para bordar, alimentados a mão. Em 1873 Helena Augusta Blanchard Portland inventou a máquina ponto zig-zag.
Helena Augusta Blanchard Portland
Com as máquinas de bordar e de costura se aperfeiçoando e se popularizando, no início do século XX o bordado começou a ser mecanizado. Os bordados começaram a ser feitos também em máquina de costura doméstica reta e de pedal. Uma maneira de bordar bastante trabalhosa para o bordador, pois este tem que movimentar bastidores com os braços e a máquina com as pernas para acompanhar a forma das imagens bordadas, causando baixa produtividade.
Baiana bordando em máquina de costura reta
A melhoria da produtividade se deu com a máquina de bordar industrial que tinha o ponto em zig-zag. Mas ainda o bordador tem que movimentar o bastidor para acompanhar a forma da figura bordada.
Máquina de bordar semi-industrial zig-zag
Assim o bordado manual e o feito a máquina começam a conviver, no início desse século o XX, as escolas ensinavam desde a infância a arte de bordar, principalmente para as meninas, para que elas soubessem bordar seus enxovais, era bonito a mulher ter todo seu enxoval bordado, as vezes anos eram passados preparando cada peça do enxoval para o casamento.
Até decada de 50 do século XX, tivemos o bordado em branco em lençóis, toalhas de mesa e lenços. O bordado da Ilha da Madeira, era executado com fio azul claro sobre o tecido branco, muito usado em enxovais.
Bordado em branco Bordado Ilha da Madeira (Portugal)
O bordado de aplicação, em que a figura desejada e moldada em recorte de tecidos coloridos por baixo dos pontos.
Almofada bordada com aplicação
Com a evolução da informática na decada de 80, surgiram a máquinas de bordar eletrônicas profissionais e industriais, integradas com softwares que decodificam as figuras a serem bordadas, aperfeiçoando os bordados, dando qualidade e facilitando o prazer de bordar, aumentado desta maneira a produtividade. Este processo vem se aprimorando à passos largos, acompanhando a evolução da informática com softwares cada vez mais criativos, dando novos horizontes para o mundo maravilhoso dos bordados. Com isso o homens estão se envolvendo cada vez mais com a arte de bordar, desenvolvendo softwares e também na operando máquinas. O bordado cada vez mais se industrializa e a industria de confecção sente-se mais a vontade para agregar valor e utilizar este complemento em série e embelezar as peças do vestuário.
Roupa feminina bordada Máquina de bordar computadorizada
Desde os tempos remotos até hoje, no século XXI, o bordado continua com prestígio. Os motivos bordados tem novas inspirações dando nova vitalidade, enriquecendo decorações de lares, fornecendo identificação a tudo, personalizando vestuário, identificando empresas, clubes com suas logomarcas, enfim qualquer imagem pode ser transformada em bordado, valorizando e embelezando a figura estampada.
Muitas vezes olhamos para um bordado e identificamos a empresa dona daquela logomarca? Valorizamos aquela peça, por ter a logomarca bordada de uma grife famosa.
Podemos concluir que o homem de posse de agulha e linha e um tecido pode bordar. Se tiver maquinário poderá produzir com mais produtividade, qualidade, e eficiência, podendo se proficionalisar e agregar valor e embelezando as peças bordados, fazendo parte da economia de um País.
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